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Jorge lhe respondeu:
"Oxalá, oh imperador, que conhecendo tu por mim. O
verdadeiro Deus, lhe oferecesse o sacrifício de louvor, que ele pede e
deseja; e eu ficarei por fiador de que ele Senhor de outro mais excelente
império do que tens, que é o reino que dura para sempre; porque este que
agora possuís, cedo se há de acabar. E sabe de certo que nenhum desses
bens que me prometes, poderão de alguma maneira afastar-me de meu Deus,
nem algum gênero de tormento que inventares poderá tirar de mim o amor de
meu Redentor nem causar em mim temor algum da morte temporal". Ouvindo
isto o imperador, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da
Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados
o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo
um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer
divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e
puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo
isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita
paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.
Sendo
manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito
atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já
sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraco me tens imperador,
que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar
de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que
eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos
que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de
navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda
pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas
pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a
roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se
escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente
ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e
fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço
de tempo. Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já
estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia:
"Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?"
Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas
logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que
muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo".
Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de
branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão
ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele
varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a
Deus.
Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele. Dois corregedores, um chamado Anatólio, outro Petroleu, sendo antes criados na fé de Cristo, vendo o milagre cobraram ousadia, e em alta voz disseram: "Um só é Deus, grande e verdadeiro, que é o Deus dos cristãos", aos quais mandou logo o imperador levar para fora da cidade e cortar-lhe as cabeças, Muitos se converteram, então, ao Senhor tendo fé dentro de si, mas não ousavam descobrir-se com temor da morte e tormentas. Também a imperatriz Alexandra, conhecendo a verdade e começando a querer falar livremente, um cônsul a retirou, e antes que o imperador entendesse a causa, a deixou no seu palácio. Não sofrendo Diocleciano com estas coisas mandou meter Jorge em uma fornalha de cal virgem, três dias, e mandou vigiar, que lhe não viesse de nenhuma parte ajuda alguma. Sendo levado a esse tormento preso, ia fazendo oração a Deus em alta voz, dizendo: "Senhor meu, ponde os olhos de vossa misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do inimigo, e concedei-me que até o fim confesse o vosso santo nome. Não digam os meus inimigos por minhas maldades: Onde está o teu Deus? Mandai, Senhor, o vosso Anjo em minha guarda, assim como transformaste a fornalha de Babilônia em orvalho, e os moços que estavam dentro, conservaste sem lhes fazer mal o fogo". Dito isto, e fazendo o Sinal da Cruz em todo o corpo, com grande alegria entrou no forno de cal. Os ministros e soldados que foram mandados pra executores destes tormentos, depois de o deixarem no forno se retiraram. Ao terceiro dia, chamou o imperador alguns soldados e disse: "Não fique na memória aquele mal-aventurado Jorge, para que não haja quem honre as suas relíquias; portanto ide, e se achardes algum osso subterrai-o, que não apareça mais." Foram os soldados, seguindo-se grande multidão de povo para ver o que se passava. Descobrindo o cal acharam dentro Jorge com o rosto resplandecente; o qual, levantadas as mãos para o céu, dava louvores a Deus por todos os seus beneficies; e saindo do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram de tão maravilhosa causa, e Louvaram o Deus de Jorge. Chegou a nova deste milagre a Diocleciano, este mandou chamar a Jorge e muito espantado lhe disse: "Jorge, com que artes fazes estas maravilhas?" Respondeu-lhe: "Oh! cego imperador, que chamas artes as maravilhas de Senhor, por isso choro tua cegueira". Disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres. Mandou então o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lhas meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: 'Prevaleci contra ele'. " Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado. Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos". Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".
O tirano mandou aos que estavam presentes
que o ferissem no rosto , dizendo: "Assim te ensinaram a dizer injúrias
aos imperadores? E depois disto mandou que o açoitassem com nervos de
búfalo, até que fosse desfeito seu corpo. Sendo Jorge tão sem piedade
atormentado, e não mudando a alegria do rosto, disse o tirano "Certamente
não chamarei a isto obras de virtude, mas arte mágica". Disse então
Magnencio ao imperador: "Senhor, mandai chamar um homem que aqui mora,
grande mágico e com ele será vencido Jorge". Foi, logo, chamado o
feiticeiro e lhe disse Diocleciano: "Todos os que estamos presentes
sabemos o que este maldito Jorge faz; mas porque arte o faz, tu no-lo
declararás. E rogo-te que destruas seus feitiços e o faças obedecer-nos."
Prometeu então Athanasio, (o mágico) que no dia seguinte faria tudo que
lhe ordenava; e mandou o imperador guardar Jorge no cárcere, no qual ele
invocava o nome do Senhor, dizendo: "Seja Senhor, a vossa misericórdia
sobre mim, e encaminhai meus passos na confissão de vosso Santo nome, e
acabai minha vida na vossa fé, para que em tudo seja o vosso louvado".
No dia seguinte, estando Diocleciano no teatro, mandou vir o mágico, o qual veio muito vaidoso e mostrando ao imperador umas bebidas e disse: "Seja trazido aqui, Jorge e vereis a força destas bebidas; pois se quereis que obedeça dêem-lhe de beber o que trago neste vaso. E se quereis que morra dêem-lhe deste outro vaso". Mandou o imperador vir perante si Jorge, e disse-lhe: "Agora, Jorge, serão acabadas as tuas artes mágicas", e mandou que por força bebesse um daqueles vasos; mas o Santo sem algum temor o bebeu sem lhe fazer mal; e finalmente esteve muito constante na fé e ficou a arte do diabo desprezada. O imperador vendo isto, mandou-lhe dar a outra bebida quê o constrangessem a bebê-la; mas o bem-aventurado Jorge não esperando que o forçassem, pela divina virtude bebeu a outra sem lhe fazer mal algum. Ficou o imperador pasmado e espantado e todo o senado e mesmo o feiticeiro de tamanha maravilha; e disse o imperador a Jorge mártir: "Até quando nos há de pôr em espanto com isto que fazes? Por que não acabas de confessar a verdade? Como escapas tão facilmente do veneno que te dão a beber e como desprezas os tormentos?" Respondeu Jorge: "Não cuides, imperador, que somos livres por alguma humana providência, más só pelo poder e virtude de Cristo; e confiados nele, não fazemos caso dos tormentos seguindo sua "doutrina". Disse então Diocleciano: "Que doutrina é a de teu Cristo? Respondeu Jorge: "Conhecendo o Senhor, a diligência que vós outros haveis de ter em perseguir os Santos, não temais aqueles que matam o corpo, nem façais caso das coisas transitórias; sabeis de certo que um cabelo de vossa cabeça não perecerá; e ainda que bebas veneno não vos fará mal." Finalmente prometeu-nos dizendo: "Aquele que crer em mim fará as obras que eu faço". "Que obras são essas? "Dar vistas aos cegos, curar leprosos fazer andar os mancos, abrir ouvidos aos surdos, expelir os demônios dos corpos, ressuscitar os mortos e outras coisas semelhantes a estas". Virou-se então o imperador para Athanazio, o mágico e lhe disse: "Que dizes tu a estas coisas?" Respondeu Athanazio: "Admiro-me de ver como este jovem despreze a vossa mansidão com suas mentiras; más já que ele diz, que os que esperam no seu Deus farão as obras que ele faz, ali naquele sepulcro que está diante de nós, está um defunto, que eu conheci, e pouco tempo há que ali o sepultaram; se Jorge o ressuscitar, sem nenhuma dúvida adoremos o seu Deus". Então o imperador fez sinal a Jorge que o experimentasse. Pediu então Magnêncio ao imperador que mandasse soltar a Jorge, e depois de solto lhe disse: "Agora, Jorge mostra-nos as maravilhas do teu Deus; e se o fizeres, todos creremos nele. Respondeu Jorge: "Nobre Cônsul, Deus que todas as coisas criou do nada, poderoso é para, por mim, ressuscitar este defunto; mas como vossas almas estão cegas, não podereis entender a verdade; porém, por amor do povo presente, isto que pedis tentando-me, Deus o obrará por mim, para que o não atribuas a arte mágica. Pois este mágico que aqui o trouxeste, confessa que nem por encanto, nem pelo poder dos vossos deuses, pode um morto ser ressuscitado, em diante de todos vós chamo a meu Deus"; e dizendo isto, pôs os joelhos em terra, e quase chorando orava a Deus, e levantando-se disse em alta voz: "Oh! eterno Deus de misericórdia, Deus de todas as virtudes, e que todas as coisas pode, que não frustreis a esperança dos que em vós confiam. Senhor Jesus Cristo, ouvi este mísero servo vosso, nesta hora, assim, como ouvistes, Santos Apóstolos em todo o lugar, dando-lhes poder para fazeres milagres e sinais. Dai, Senhor, a esta geração má o sinal que pode, e ressuscitai este morto para glória vossa, e do Padre e do Espírito Santo. Rogo-vos, Senhor, que mostreis a estes circunstantes serdes só vós, Deus Altíssimo sobre toda a terra e que eles conheçam serdes vós Senhor poderoso, a cuja vontade todas as coisas estão sujeitas e que vossa será a glória para todo sempre. Amém". Dizendo Amém, se ouviu um grande som, de maneira que tremeram todos.
Logo se levantou grande alvoroço e tumulto
no povo e muitos deles louvaram a Cristo, dizendo que era o verdadeiro
Deus.
O imperador e os seus familiares, espantados e cheios de incredulidade,
diziam que Jorge era um grande mágico, e que metera algum espírito naquele
corpo para enganar os circunstantes; mas depois que verdadeiramente viram
e conheceram ser homem o que ressurgira, e que chamava a Jesus Cristo,
indo correndo para Jorge, não sabiam mais o que dizer. Athanazio,
encantado, vendo esta maravilha, lançou-se aos pés de Jorge, dizendo em
alta voz que Cristo era Deus todo poderoso, e rogava ao Santo, que lhe
alcançasse o perdão de seus pecados.
Daí a pouco fez o imperador calar o povo, e disse-lhe: "Veremos o engano e malícia destes feiticeiros? Este Athanazio, semelhante a Jorge, ambos de uma mesma arte, favorecem um ao outro; e as bebidas venenosas, não lha deu, mas deu-lhe outra cheia de encantamento para nos enganar". Acabando de dizer isto, mandou logo degolar Athanazio com o que fora ressuscitado, dizendo o pregão que era por confessarem a Cristo por Deus, e a Jorge mandou meter no cárcere, onde o Santo dava graças a Nosso Senhor pelas grandes maravilhas que por ele fazia. E estando ali no cárcere, vinham a ele muitos dos que tinham recebido a fé pelas maravilhas que foram feitas. e desrespeitando os guardas, se lançavam aos pés dele, entre os quais alguns enfermos que, em virtude do sinal e do nome do Cristo, foram por ele curados. Andando um pobre homem lavrando a sua terra, um dos bois com que lavrava caiu em terra e morreu; e ouvindo a fama de Jorge foi correndo ao cárcere, chorando a perda do boi. Disse-lhe Jorge: "Vai alegre, porque Cristo, meu Senhor, tornou teu boi à vida". Crendo ele em suas palavras, foi correndo e achou o boi vivo como Jorge dissera, e logo sem mais se deter, tornou este homem, chamado Glycero, a Jorge, o ia pela cidade dizendo em vozes: "Muito grande é o Deus dos Cristãos". Uns cavalheiros o prenderam e mandaram dizer ao imperador o que se passara; o tirano cheio de ira o mandou degolar fora da cidade. E Glycero, muito alegre, como se fosse a algum convite, ia correndo diante dos soldados que o levaram ao martírio, e com alta voz chamava ao Senhor, pedindo- lhe que recebesse o seu martírio. E desta maneira acabou a vida. Neste tempo, alguns dos senadores foram acusar Jorge ao imperador, dizendo que estando no cárcere abalava o povo e fazia a muitos receber a fé de Cristo. Ouvindo isto, o imperador tomou conselho com Magnêncio, e no dia seguinte mandou aparelhar sua cadeia junto ao templo de Apolo, para que ali publicamente, fosse Jorge, perguntado. Naquela noite, orando Jorge no cárcere e adormecendo, viu em sonho o Senhor que por sua mão o levantava e abraçava, e lhe punha uma coroa na cabeça, e dizia: "Não temas, mas tem forte o coração, pois já és digno e mereces reinar comigo, não tardes em vir gozar dos bens eternos, que te estão preparados". Acordando e dando graças a Deus com muita alegria, chamou o carcereiro e disse-lhe: "Rogo-vos irmão, que deixeis entrar neste cárcere meu empregado, porque me importa falar com ele". Concedendo o carcereiro o seu pedido, entrou o moço que estava muito triste pelos tormentos que passava o seu senhor. Levantou-o da terra onde se lançara, chorando, consolou-o, esforçou-o e disse-lhe: "Filho, muito cedo me chamara meu Senhor para si, mas depois que passar desta vida, tomarás este mísero corpo e leva-lo-ás a Palestina, à casa onde morávamos, e Deus será guia de teu caminho, e não apartes nunca da fé de Cristo". E prometendo-lhe o criado com muitas lágrimas, que assim o faria, abraçou-o o Santo e mandou-lhe que fosse dali em paz. No dia seguinte, assentado Diocleciano em sua cadeira imperial, mandou vir Jorge perante si, e começou com muita mansidão e falar-lhe desta maneira: "Dize-me, Jorge, não te parece que sou muito humano e benigno para ti? Testemunhas me sejam todos os deuses como me pesa em extremo de tua mocidade, assim em flor, da tua gentileza e formosura, como também pelo assento de tua descrição e constância de ânimo. E desejo muito, se te apartares da fé cristã, que mores juntamente comigo, e seja a segunda pessoa do meu império. Agora me responde o que te parece." Respondeu Jorge: "Razão era, imperador, se tamanho amor e afeição me tinhas que me não perseguisse, como o inimigo principal, e não executarás em mim tantos tormentos por satisfazer com tua ira". Ouviu o imperador isto com bom gosto e disse a Jorge: "Se me quiseres obedecer como pai, eu te compensarei os tormentos que te fiz dar, com muitas grandes honras que te farei". Disse então Jorge: "Se queres, imperador, vamos ao templo a ver esses deuses que vós outros honrais". Levantou-se logo o imperador com grande alegria, e mandou declarar público que o Senado e todo o povo viesse ao templo. Indo o povo para o templo, louvava ao imperador pela vitória que, cuidavam, alcançara Jorge. Entrados todos no templo, e aparelhado o sacrifício, tinham todos postos os olhos no mártir esperando que sem nenhuma dúvida havia de sacrificar. Jorge chegou à estátua de Apolo, e estendendo a mão, disse: "Por que coisa quereis tu que te ofereça sacrifícios como a Deus?." E logo faz o sinal da cruz. O demônio, que dentro do ídolo estava, bradava dizendo: "Não sou Deus, nem algum semelhante a mim é o Deus a quem pregas. Nós, de Anjos fomos feitos diabos, e enganamos os homens pela inveja que lhes temos. Perguntou-lhe então Jorge: "Pois como ousais vós outros estar aqui neste lugar estando eu presente, que adoro o verdadeiro Deus?" Dizendo isto se sentiu um ruído, como choro que saía das estátuas, e caíram todos os ídolos em terra e fizeram-se em pedaços.
Levantaram-se então alguns dos do povo
acesos em ira e fúria, instigando os sacerdotes, tomarem Jorge, e
açoitando-o, bradavam dizendo. "Mate este feiticeiro, oh! Imperador, mate
este mágico". E correndo estas novas, logo pela cidade, a imperatriz
Alexandra, não podendo mais encobrir a fé de Cristo que tinha, veio com
grande pressa, e vendo o alvoroço do povo e Jorge preso, e longe dela, e
que pela muita gente não podia chegar a ele, bradou em alta voz e dizia:
"Deus de Jorge, ajudai-me". Pacificando o alvoroço do povo mandou
Diocleciano trazer diante de si Jorge, e com grande ira lhe disse: "Mau
homem, desta maneira agradeces a bondade com que te trato? "Deste modo
costuma sacrificar aos deuses? "Respondeu Jorge: "Sem dúvida, imperador,
que deste modo, aprendi eu a sacrificar aos teus deuses: daqui em diante
tem vergonha de atribuir a saúde que tens a tais deuses, os quais não
podem sofrer a presença dos servos de Cristo".
Dizendo estas palavras o Santo, chegou a imperatriz e disse ao imperador o que tinha dito d'antes, e lançou-se aos pés de Jorge. Vendo isto o imperador, disse: "Que novidade é esta, Alexandra, que te afeiçoou a este mágico encantador? A bem-aventurada imperatriz não lhe quis responder, tendo-o por indigno de sua resposta. O cruel imperador, cheio de ira e furor pela mudança da imperatriz, deu contra Jorge e contra ela a sentença seguinte: Mando degolar a esse péssimo Jorge, o qual , assim aos deuses como a mim injuriou gravemente; e o mesmo fez Alexandra, imperatriz, enganada com seus feitiços. Tomaram logo os soldados Jorge e o levaram preso fora da cidade, juntamente com a nobilíssima imperatriz, que orando a Deus como alegre ânimo, caminhava para o lugar do martírio; e indo assim, chegando a um certo lugar, pediu que a deixassem assentar um pouco, e assentando sobre o seu vestido, inclinou a cabeça sobre os joelhos e assim deu o espírito a Deus. Por essa razão a bem-aventurado mártir, Jorge louvando e dando graças a Deus caminhava com grande alegria. Chegando ao lugar determinado fez oração ao SENHOR, dizendo: "Bendito sois, Senhor Deus meu, porque não permitistes que eu fosse despedaçado pelos dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem consentiste que meus inimigos ficassem alegres com a vitória: porque livraste a minha alma, como pássaro do laço dos caçadores. Pois agora, Senhor, também me ouvi, sede comigo nesta última hora, e livrai a minha alma da maldade dos malignos espíritos; e todos os males que por ignorância em mim executam, lhes perdoai. Recebei, Senhor, a minha alma com aqueles que desde o princípio do mundo vos serviram, e esquecei-vos de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por ignorância cometi". "Lembrai-vos, Senhor, dos que recorrem ao vosso Santo nome, porque vós sois Santo, Bendito e Glorioso para sempre, Amém". Acabando de dizer isto, estendeu o pescoço com alegria e foi degolado, e entregou sua alma nas mãos dos anjos a 23 de Abril, fazendo excelente confissão de fé pura e sã pelo ano 303. Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lidia (Antiga Dióspolis), onde o Santo foi sepultado, e onde o imperador Cristão Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que o Culto ao Santo fosse espalhado. Seu culto espalhou-se imediatamente por todo o Oriente. Pelo século V, já haviam cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizôncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores Santos da Igreja Católica. No Ocidente, na Idade Média, as Cruzadas colocaram São Jorge à frente de suas milícias, como Patrono da Cavalaria. Na Itália era padroeiro de Gênova. Na Alemanha, Frederico III criou uma ordem Militar. Na França, São Gregório de Tours era conhecido pela devoção a São Jorge. Nas Gálias, o rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotide, erigiu várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país Ocidental onde a devoção ao Santo teve papel mais saliente. O monarca Eduardo III colocou a proteção de São Jorge a Ordem da Cavalaria da jarrateira, fundada por ele em 1330. Os Ingleses escolheram São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos que, também, trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira. E ainda durante a Grande Guerra (1914-1918 muitas das medalhas foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e as irmãs de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos da guerra. As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael (1483-1520), intitulado "São Jorge vencedor do Dragão". Na Itália, existem diversos quadros célebres; um deles está em Veneza, de autoria do pintor Carpaccio (1450-1525) e outro, não menos notável, pintado por Donatello (1386-1466). E hoje, no mundo inteiro, invocam o Santo, pedem sua intercessão e elogiam os admiráveis rasgos de sua poderosa proteção. |
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SARAVÁ SENHOR OGUM! SEJA
LOUVADO SENHOR COMANDANTE DAS MILÍCIAS CELESTES. FORJA UMA ARMADURA PARA
QUE NADA ATINJA NOSSO ESPÍRITO Ó ORIXÁ DO FERRO E DA GUERRA, OLHAI
POR NÓS E PRETEJEI-NOS SEMPRE! OGUM-NHÊ!
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Na iconografia cristã Santa Bárbara é geralmente
apresentada como uma virgem, alta, majestosa, com uma palma significando o
martírio, um cálice como símbolo de sua proteção em favor dos moribundos e ao
lado uma espada, instrumento de sua morte. Mundialmente o dia de Santa Bárbara
de Nicomédia; protetora contra tempestades, raios e trovões, é comemorado no dia
4 de dezembro.
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Oração a Santa Bárbara
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PELA FÉ
HISTÓRIA DA VIDA E MARTÍRIO DE SÃO SEBASTIÃO
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Padroeiro do Rio de Janeiro; Protetor contra peste, fome e guerras
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Data
de comemoração: 20 de Janeiro
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Nossa Senhora da Conceição
Aparecida
Através
deste título litúrgico, celebrado no dia 8 de dezembro, os
católicos professam a prerrogativa concedida unicamente a Nossa
Senhora: Maria foi concebida sem a mancha do pecado original, e
nasceu, portanto, sem o pecado original. Vale dizer: ela é toda
santa, a cheia de graça, desde o momento de sua concepção.
Como filha de Adão e Eva, Nossa Senhora também deveria estar
sujeita ao pecado original, mas dele foi preservada, em previsão
dos méritos de Cristo. Era sumamente conveniente que Deus
preservasse Maria do pecado original, pois era Maria destinada a
ser mãe do seu filho. Isso era possível para a onipotência de
Deus; portanto Deus, de fato, a preservou, antecipando-lhe os
frutos da redenção de Cristo.
Em
1830 Nossa Senhora apareceu a santa Catarina Labouré mandando
cunhar uma medalha com a efígie da Imaculada e as palavras: "Maria
concebida sem pecado, rogai por nós". Esta medalha, difundida aos
milhões em todo o mundo, suscitou grande devoção a Maria
Imaculada, induzindo muitos bispos a solicitar ao papa a definição
do dogma, que na verdade já estava sendo vivido nos corações dos
fiéis desde muitos séculos atrás. Assim, no dia 8 de dezembro de
1854, o Papa Pio IX proclamou Maria isenta do pecado original,
desde o primeiro instante de sua existência no seio de sua mãe.
Quatro anos mais tarde, as aparições de Lourdes foram prodigiosa
confirmação do dogma. De fato, Maria proclamou-se explicitamente
com a prova de incontáveis milagres: "Eu sou a Imaculada
Conceição". A
primeira imagem de Nossa Senhora da Conceição chegou ao Brasil em
uma das naus de Pedro Álvares Cabral. José de Anchieta foi o
apóstolo da doutrina da Imaculada Conceição no Brasil, que desde o
início de sua colonização dedicou a este mistério inúmeras
igrejas, inclusive 35 catedrais. Ela foi a protetora de nosso país
no período colonial e foi proclamada Padroeira do Império
Brasileiro por Dom Pedro I.
Já no despontar do século XX, com o
advento da República, o título cedeu lugar a Nossa Senhora
Aparecida, que é uma antiga imagem da Imaculada Conceição
encontrada nas águas do rio Paraíba do Sul.
Para finalizar, eis o dogma da Imaculada Conceição explicado em
palavras singelas e claras: da palavra "concebida" formou-se o
derivado "conceição"; sua conceição foi, pois, imaculada, como já
dissemos; daí veio a expressão - Imaculada Conceição - que,
com o tempo, começou a ser ligada ao vocativo "Nossa Senhora",
pois o povo, naquela linguagem franca que tão bem traduz seus
sentimentos, começou a dizer: Nossa Senhora da Conceição.
Quando dizemos, portanto, Nossa Senhora da Conceição, queremos
dizer que Maria é imaculada desde sua concepção, e que o inimigo
infernal jamais teve poder sobre ela.
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ão
Francisco de Assis nasceu na cidade de Assis, na Itália, em 1181. Filho de
um rico comerciante de tecidos, Francisco Bernardone, nome de batismo,
tirou todos os proveitos de sua condição social vivendo entre os amigos
boêmios. Tentou como o pai seguir a carreira de comerciante, mas a
tentativa foi em vão.
Sonhou
então, com as honras militares. Aos vinte anos, alistou-se no exército de
Gualtieri de Brienne que combatia pelo papa, mas em Spoleto teve um sonho
revelador.
Foi
convidado a trabalhar para "o Patrão e não para o servo". Suas revelações
não parariam por aí. Em Assis, o santo dedicou-se ao serviço de doentes e
pobres. Um dia do outono de 1205, enquanto rezava na igrejinha de São
Damião, ouviu a imagem de Cristo lhe dizer: "Francisco, restaure minha
casa decadente". O chamado ainda pouco claro para São Francisco foi tomado
no sentido literal, e o santo vendeu as mercadorias da loja do pai para
restaurar a igrejinha. Como resultado, o pai de São Francisco, indignado
com o ocorrido, deserdou-o.
Com a
renúncia definitiva aos bens materiais paternos, São Francisco deu início
à sua vida religiosa, "unindo-se à Irmã Pobreza". Fundou a Ordem dos
Frades Menores, que em poucos anos se transformou numa das maiores da
Cristandade. Fundou, com
Clara de Assis,
o ramo feminino da mesma Ordem. Para os leigos que viviam no mundo, mas
desejavam ser fiéis ao espírito de pobreza e participar das graças e
privilégios da espiritualidade franciscana, fundou a Ordem Terceira.
A devoção
a Deus não se resumiria em sacrifícios, mas também em dores e chagas.
Enquanto pregava no Monte Alverne, nos Apeninos, em 1224, apareceram-lhe
no corpo as cinco chagas de Cristo, no fenômeno denominado
"estigmatização". Os estigmas não só lhe apareceram no corpo, como foram
sua grande fonte de fraqueza física e, dois anos após o fenômeno, São
Francisco de Assis foi chamado ao Reino dos Céus.
O amor de
Francisco tem um sentido profundamente universalista. Ninguém como ele
irmanou-se tanto com todo o universo: foi irmão do sol, da água, das
estrelas, das aves
e dos
animais. O "Cântico ao Sol", em que proclama seu amor a tudo que existe, é
uma das mais lindas páginas da poesia cristã. Canonizado em 1228 por
Gregório IX, sua festa é celebrada a 4 de outubro.
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Oração No.1 | Oração No.2 | ||||||||||||||||
SÃO JUDAS TADEU, apóstolo escolhido
por Cristo, eu vos saúdo e louvo pela fidelidade e amor com que cumpristes
vossa missão.
Inúmeras pessoas, imitando vosso exemplo e auxiliadas por vossa oração, encontram o caminho para o Pai, abrem o coração aos irmãos e descobrem forças para vencer o pecado e superar todo o mal. Quero imitar-vos, comprometendo-me com Cristo e com sua Igreja, por uma decidida conversão a Deus e ao próximo. E, assim convertido, assumirei a missão de viver e anunciar o Evangelho, como membro ativo de minha comunidade. Espero, então, alcançar de Deus a graça (faça seu pedido) que imploro confiando na vossa poderosa intercessão. SÃO JUDAS TADEU, rogai por nós! Amém! |
SÃO JUDAS TADEU, glorioso apóstolo, fiel servo e
amigo de Jesus, o nome do traidor foi a causa de
que fôsseis esquecido por muitos, mas a Igreja vos honra e invoca
universalmente como patrono nos casos desesperados, nos negócios sem
remédios.
Rogai por mim que sou um miserável. Fazei uso, eu vos imploro, desse particular privilégio que vos foi concedido, de trazer viável e imediato auxílio, onde o socorro desapareceu quase por completo. Assisti-me nesta grande necessidade, para que eu possa receber as consolações e auxílios do Céu em todas as minhas precisões, atribulações e sofrimentos, alcançando-me a graça de (aqui se faz o pedido particular), e para que eu possa louvar a Deus convosco e com todos os eleitos, por toda eternidade. Eu vos prometo, ó Bendito JUDAS TADEU, lembrar-me deste grande favor e nunca deixar de vos honrar como meu especial e poderoso patrono, e fazer de tudo o que estiver ao meu alcance para incentivar a devoção para convosco. Assim seja. SÃO JUDAS TADEU rogai por nós e por todos os que vos honram e invocam vosso auxílio. (Rezar 3 Pai Nosso, 3 Ave Maria e 3 Glória ao Pai) |
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